Blog do Andarilho

O dia a dia de um Andarilho pela cidade

Seguindo os passos do Andaralho do Carilho

sexta-feira, 4 de abril de 2003



Ontem tive que passar por uma situação que sempre odeio, tive que pedir algo pro meu pai. Eu simplesmente precisava de um carro pra ir ao Credicard Hall assistir ao Satriani, afinal o show acabaria tarde e aqui na garagem da firma ficam os 4 carros da loja parados a noite toda, depois de discursar por meia hora ele disse que era melhor eu ir de ônibus e voltar de taxi, pois podeira acontecer algum acidente e a loja depende mais dos carro do que eu. Puta que pariu, eu me senti como um muleque de 16 anos que pede o carro emprestado, por pouco eu não o mandei enfiar os carros naquele lugar, acabei tendo de pedir o carro á minha mãe, que sem problema nenhum me emprestou desde que eu bancasse a gasolina e deixasse o carro no estacionamento. Nada mais justo.

Sai de casa ás 8:00 da noite, pois era dia de rodízio do carro da minha mãe e tive sorte pois a marginal estava livre, 35 km depois lá estava eu diante do Credicard Hall lotado, tive a sorte de encontrar uma vaga logo na entrada do estacionamento que fica atráz do local, e fui pra bilheteria, quando chego lá tenho uma grande decepção, os ingressos estavam esgotado, fiquei puto da vida mas loga encontrei um cambista, o cara queria R$ 100,00 por um ingresso da pista que custava R$ 60,00. Eu até tinha o dinheiro mas ele não iria me vencer assim, fui até o lado de fora pra trocar uma nota de 50 e ver se achava outros cambistas, tive que comprar uma cerveja por 2 reais pra trocar o dinheiro e o tiozinho, apesar de estar me assaltando no preço da breja, me devolveu 10 reais a mais de troco, como eu não me sentiria bem com aquela situação devolvi o dinheiro á ele que ficou muito agradecido, separei R$ 80,00 e fui até o cambista, tirei o dinheiro do bolso, mostrei á ele que na hora me deu o ingresso, analizei e ví que se fosse falso era muito bem feito. Logo na entrada havia uma luz negra pra identificar os ingressos e fiquei super aliviado ao ver que o meu era verdadeiro.

O público do lugar era composto por todo o tipo de gente, tiozinhos de roupa social até roqueiros mais radicais, muleques de 14 anos até senhores de cabelos branco. Mas algo gritante era a falta de mulher, as que tinham estavam com seus namorados (provavelmente só pra acompanhar). Acredito que 90% eram homens, desses 90% eram músicos e destes 90% eram guitarristas. Não tem público mais chato do que um composto de músicos, mas todos sabiam que não iriam se decepcionar.

Quando deu 10 horas o show começa e logo de cara Joe entra com a Crome Boy e detona Summer Song (talvez o seu maior hit), eu acho que já ví o vídeo dele tocando essa música no G3 umas 43850 vezes, mas agora eu estava vendo aquilo ao vivo. Não dá pra descrever o que eu senti na hora, o cara é Foda com "F" maiúsculo, não é á toa que é respeitado mais até do que o Malmsteen. Tocou músicas de todos os discos, das que eu citei aqui acho que só faltou Extremist, mas em compensação tocou Crushing Day (que ele não tocava á anos), Satch Boogie, Midnight e muitas outras. Na terceira música ele trocou a Crome Boy por uma outra branca, mais duas músicas e trocou por uma Universal (com o corpo da Js) cor de madeira, pra quem não sabe as Ibanez Universal tem 7 cordas, ou seja, tem uma corda grave á mais o que dá mais peso ao som, e detonou mais duas músicas bem pesadas. Quando trocou de guitarra de novo ele foi até o microfone e disse "Essa é a minha mais nova guitarra". E na minha opinião só a Crome Boy era mais bonita do que aquela guitarra. No lado da ponte a guitarra era vermelha, que ás vezes parecia ficar laranja, e do lado do braço era azul, que por vezes ficava um tanto esverdeada. As cores se entrelaçavam no meio da guitarra como se fosse água sendo jogada no fogo (o que pra mim tem um grande significado), só que do lado que seria fogo o desenho era mais aredondado (como se fosse água) e do lado que seria água o desenho era mais afunilado (como se fosse a ponta de uma labareda). Depois de mostrar a guitarra ela virou ela de costas e mostrou um desenho que tinha atrás dela, era o Surfista Prateado (capa do albúm Surfing with the Alien). A maioria das músicas foram divididas entre a Crome Boy e a guitarra branca, mas se engana quem acha que eram apenas duas guitarras, ele usa duas Crome boys no show e talvez tivessem pelo menos duas brancas também, é que na verdade cada guitarra tem uma captação diferente, ou até afinações diferentes o que acaba mudando o timbre de cada guitarra.


Rack com as guitarras e set de pedais do Satch


Joe conseguia deixar a plateia de músicos chatos de boca aberta com cada técnica diferente que ele aplicava, eu, como disse no começo do post, já cansei de ver quase todas elas no vídeo, mas ao ver ele execultando isso ao vivo ficava em estado de êxtase. Puta que o pariu, o cara toca pra caralho, dá vontade de chegar em casa e jogar a guitarra fora pq eu jamais vou tocar metade do que ele toca, por outro lado dá uma motivação de provar que se ele pode eu também consigo (quem sabe daqui á uns 40 anos se eu treinar todos os dias).

E a banda... Só fera: Jeff Campitelli na batera, Matt Bissonette no baixo e Galen Henson na segunda guitarra e teclados. Quando Matt fez o seu solo (realmente sozinho) mostrou o pq foi escolhido pra ficar no lugar de Stuart Ham. O cara fez um solo animal, ele gravava a base na hora (usando a pedaleira), fazia um loop na gravação e solava em cima da base usando várias técnicas como martelados, pull offs e harmônicos, chegando á fazer umas bases com Slaps e tudo o mais, tocou até Beethoven, depois foi o Jeff que mostrou o pq toca com Satriani á tanto tempo. A batera dele é bem modesta se comparada com as dos músicos de Metal, um bumbo, dois tons, uma caixa, um surdo e uma boa variedade de pratos atém do chimbal, é claro. Fez um solo que dava até a impressão de que ele usa algum tipo de controle de volume na batera, mas isso se chama técnica. O cara parece que tá sendo mixado, a batera nunca passa a guitarra, ele sabe exatamente com que força deve bater nos momentos certos, porra parece que ele usa um pedal de volume naquela merda. O unico que não fez uma apresentação solo foi o segundo guitarrista, acho que por medo de ser vaiado, não pq ele fosse ruim, pra tocar com o Satriani o cara tem que ser muito bom, mas é pq seria pretencioso e redundante.

Depois disso foi a vez de Satriani subir sozinho ao palco e tocar um blues muito bom, emendou em Midnight, totalmente tocada em two hands (tocada com as duas mãos no braço da guitarra, sem palhetar), o que fez muito neguinho molhar a camisa de baba. Cada música que ele terminava dava a palheta de presente pra platéia, uma chegou perto de mim mas não tive a mesma sorte que no show do Malmsteen (pois é, eu tenho uma palheta do Malmsteen e uma do Rafael Bitencourt do Angra). Depois de quase tres horas de show ele resolve encerrar com Friends tocada com a crome boy e prometeu que volta á tocar em São Paulo.

Na saída do show eu tive uma puta sorte, eles abriram a porta lateral da sala, que dava no estacionamento que eu tinha guardado o carro e há 100mt do carro da minha mãe, eu fui o segundo á sair do estacionamento o que foi muito bom pois não peguei o trânsito de todos aqueles carros saindo, 20 minutos depois eu já estava num Habib´s que tem aqui perto matando a fome do corpo, já que a da alma já tava bem mortinha. Cheguei em casa quase 2 da manhã (imagina se eu tivesse voltado de busão), caí na cama e dormi feliz...