Blog do Andarilho

O dia a dia de um Andarilho pela cidade

Seguindo os passos do Andaralho do Carilho

quarta-feira, 9 de abril de 2003



Eu sempre fui um grande observador das pessoas, eu normalmente não sei descrevê-las, mas após um longo período convivendo com alguém eu consigo prever as suas reações em várias situações diferentes, já até pensei em ser psicólogo, mas aí esbarro em outro problema, quando disse que não sei descrevê-las é pq eu tenho dificuldade em traduzir o que penso pras outras pessoas. Apesar de já ter trabalhado como instrutor de informática eu tenho uma grande dificuldade em ensinar os outros, eu normalmente perco a paciência quando alguém não entende o que eu quero dizer e odeio dizer a mesma coisa duas vezes, mas o que mais me intriga, e faz com que as pessoas não me entendam, é uma característica muito peculiar que eu nunca observei em outra pessoa.

Eu não gosto de provar pros outros que eles estão errados, eu me sinto melhor quando eu sei que eles estão errados e vejo que eles não enxergam isso. Mas é claro que se for um amigo eu tento fazê-lo ver que ele está errado. Eu acho que fiquei assim por causa da minha impaciência em ensinar, e principalmente pq odeio quando eu provo á alguém que ele está errado e o cara não dá o braço á torcer. Encaro isso também como uma certa forma de arrogância, mas confesso que isso por vezes me faz sentir um certo prazer.

Um exemplo disso foi o fim do meu ultimo namoro, apartir do segundo ano de namoro eu começei a querer sair dessa mas ao mesmo tempo eu ainda gostava dela, quando brigávamos eu terminava tudo e sumia, não demorava muito e ela vinha atrás de mim chorando e pedindo desculpas, e como eu ainda gostava dela e tinha (e ainda tenho) grande estima por ela eu acabava voltando. Mas a verdade era que na maior parte do tempo eu queria era conhecer outras pessoas, ver outros lugares, fazer outras coisas só que tudo isso sozinho, afinal outra peculiaridade minha é ser um cara de natureza solitária. Eu acabei fazendo com que ela terminasse o namoro, só que mesmo assim depois de certo tempo ela voltava a me procurar, o que acabou acontecendo foi que ela foi se cansando até o dia em que ela mesmo resolveu dar um basta, ela terminou o namoro e mesmo depois quando conversamos ela dizia que queria ficar sozinha.

O que acontece é que ela pensa que terminou o namoro por ter se cansado das minhas mancadas e que eu ainda quero ela, só que a real é que eu já não agüentava tê-la como namorada (ainda somos amigos) e fiz de tudo pra que ela terminasse o namoro, talvez pra me deixar com a conciência mais trânquila, e o bizarro disso é que eu gosto disso. Por vezes eu acabei traindo ela, só que nem que ela me faça algo que me chateie muito eu jamais contaria pra ela. E sabe o pq? Pq eu sei que ela acha que eu fui fiel, e prefiro que seja assim.

Uma vez a gente tava meio que brigado um com o outro e nessas situações ela costumava esquecer as mágoas e me tratar bem pra que eu desse mais valor á ela, só que eu com o meu jeitão de "leave me alone" ficava meio distante, naquela semana eu iria trabalhar no sábado e não poderia dormir na casa dela na sexta feira, então quando ela me ligou eu disse que só iria no sábado, ela entendeu e não disse nada. Porém na sexta á noite eu resolvi sair e me divertir com meus amigos, apesar de não tirar a aliança do dedo eu acabei ficando com uma mina, que viu que eu estava comprometido e de propósito me deu uma chupada no pescoço na hora H. Eu juro que me deu vontade de espancar a desgraçada, mas deixei quieto.

No dia seguinte quando fui trampar todos olhavam pra mim com cara de indignação e diziam "Mas o que é isso no seu pescoço?" mesmo já sabendo a resposta, dependendo da pessoa eu explicava a situação e esperava por um conselho. Ouvi de tudo: "Coloca uma blusa cacharrel", mas como, além de estar calor eu não tinha nenhuma blusa desse tipo; "Coloca um cachecol", também não tenho cachecol e tá calor pra caraio; "Passa uma base" me aconselhavam as meninas, me recuso á passar maquiagem e também não vai adiantar, afinal quando eu saísse do banho ela iria ver. Quando foi perto da hora do almoço ela me ligou perguntando que horas eu iria sair do trampo, disse que não tinha previsão, porém sabia que sairia pro volta das 2 da tarde, ela então querendo facilitar as coisas pra mim disse que iria pra minha casa e me esperaria lá, eu insisti que não precisava (com aquele ar de leave me alone) mas ela querendo estender uma bandeira branca disse que não tinha problema e foi pra lá.

Quando eu saí do trampo ainda liguei pra casa e disse que chegaria tarde, fui prum bar com uns amigos e passei a tarde bebendo e pensando no que eu faria, já á noite eu me convenci que não dava pra adiar mais afinal o que eu faria, ia ficar fora de casa até segunda? As coisas acabariam ficando piores pra explicar, quando foi uma da manhã resolvi ir pra casa (nessa época era normal eu trabalhar até essa hora, afinal trabalhava com propaganda e com o meu pai). Cheguei em casa e ela estava deitada na minha cama dormindo, tomei um banho e nada daquela coisa roxa no meu pescoço sumir, não tinha nem diminuído, então eu entrei no quarto sem acender a luz e deitei lentamente ao lado dela, ela se virou e me abraçou, em seguida me beijou. Eu retribuí e também abracei ela, então ela se insinuou pra mim e eu fazendo corpo de quem estava cansado (na verdade estava era preocupado) fiquei meio na minha, então pra me instigar ela beijou o meu pescoço, bem do lado que estava com o chupão e eu então soltei a minha salvação:
- Olha lá o que você vai fazer...
Na hora ela deu uma risada sacana e disse:
- Tá com medo do quê? Que eu te dê uma chupada?
- Claro, já pensou eu com o pescoço todo roxo???

Então ela começou a ameaçar e eu deixando até que ela tentou uma chupada mais forte, eu deixei e logo estávamos no maior love, afinal minha preocupação sumiu na hora. No dia seguinte ela se levantou e abriu a janela, quando ela se virou pra mim deu o maior grito:
- Olha só o que foi que eu te fiz....

E até hoje ela acha que foi ela mesma que fez aquilo, eu sei a verdade mas acho mais legal eu não contar pra ela, mesmo que estivesse morrendo de raiva dela. Esse é um lado que ás vezes até me assusta. Outra coisa que me preocupa ás vezes é o meu gosto por solidão. Eu não ligo de ficar sozinho, eu até gosto. Quando eu digo sozinho não quero dizer estar num quarto sem ninguém ao lado, pra mim ficar sozinho é náo dividir os meus pensamentos mais íntimos com alguém real que esteja ao meu lado, e pra falar a verdade eu não sinto falta disso. Eu não sou um cara que se apaixona fácil, mas aquela que conseguir me fazer se abrir pra ela com certeza será uma pessoa muito especial, como apesar de tudo foi a minha ex.