Blog do Andarilho

O dia a dia de um Andarilho pela cidade

Seguindo os passos do Andaralho do Carilho

quarta-feira, 8 de janeiro de 2003



Histórias do Acampamento

Na segunda feira, dia seguinte á minha chegada no acampamento, acordei com uma puta dor de cabeça provocada pela maldita Kaizer digerida no dia anterior em quantidades acima das desejadas para tal bebida, minha primeira providência foi achar o meu inseparável anador que estava na minha mala, saí da barraca e percebi que eu era o único a estar acordado áquela hora.

Resolvi ir ao banheiro, que ficava no fundo do acampamento, logo após os banheiros só havia mato e mais mato e a entrada deles era voltada para o mato, a primeira entrada era do banheiro das mulheres e do outro lado ficava a entrada do banheiro dos homens, entre as entrada haviam dois tanques de lavar roupa com uma tampa de concreto entre eles. Assim que eu dei a volta pra poder ir ao banheiro me deparei com um urubú enorme em cima dessa tampa de concreto entre os tanques, e o foda foi que o bicho me viu antes de eu perceber o que ele era e se assustou, abriu as assas e decolou. Meu quem já viu um urubú de perto levantando vôo pode imaginar o tamanho do susto que eu levei, primeiro por que não esperava encontrar mais alguém acordado e segundo que eu estava andando de cabeça baixa. O bicho ao decolar fez um barulho muito estranho e vôou até o alto das árvores do fundo do camping e ficou por lá, eu fui ao banheiro e quando saí ví mais dois deles disputando uns restos de peixe deixados por algum dos grupos do camping, espantei os dois e me dirigi de volta á barraca, quando dei a volta nos banheiros e avistei a praia ví mais dois rasgando um saco de lixo na praia. O problema é que o pessoal jogava restos de comida nos lixo e isso atraía os Urubús, só que no dia anterior eu não tinha visto nenhum deles e por isso me assustei, nos dias seguintes eles já não me asustavam mais, pra falar a verdade eles é que tinham medo de nós.

Resolvi voltar pra barraca e tentar dormir mais um pouco, mas não deu muito certo visto que o calor era muito forte e ficava quase impossível ficar dentro daquela barraca, sentei numa cadeira de praia e logo percebi que precisava de um repelente, passei o bendito e fiquei alí sentado, a ressaca era tamanha que eu devo ter passado uns 10 minutos sem pensar absolutamente em nada, só me concentrando pra ver se o cérebro pegava no tranco. Logo o pessoal foi acordando aos poucos e se juntando á mim. O resto do dia foi o que acabou virando rotina nos dias posteriores, café da manhã, conversas, um mergulho, volta pra preparar o almoço e tudo regado á cerveja o tempo todo, no final da noite sempre rolava um baralho, tranca, cacheta, buraco e o "silencioso" truco.

Depois do almoço o pessoal resolveu ir á praia vizinha, pegamos os carros e nos dirigimos á estrada. Para isso a gente atravessava toda a praia até uma estradinha de terra, uns dois quilômetros depois estávamos no asfalto, um quilômetro adiante e entramos em uma estradinha de asfalto daquelas bem estreitas em forma de uma pequena serra, do alto dessa serra a gente podia avistar toda a praia em que a gente estava acampando, uma vista muito linda, onde é claro batemos algumas fotos, essa serrinha era bem longa, devia ter uns 3 ou 4 quilômetros e no fim dela um grande estacionamento que já estava lotado, arrumamos um lugar pra estacionar e pegamos nossos apetrechos, um (apenas um) guarda sol, cadeiras e é claro a inseparável geladeira com as preciosas brejas, a praia era muito linda e era cheia de bares, o nome da praia era Almada e, pelo menos das que eu ví, era a praia mais bonita da região. A areia era branca mesmo e vc entrava na água, que também era calma e sem ondas, e via perfeitamente os seus pés, mesmo com a água no seu peito, e o pessoal era bem consiente, pois ninguém deixava lixo na praia.

Nessa praia havia uma peixaria, o tiozinho dono da peixaria pescava todos os peixes que vendia e naquele dia ele tinha pego duas tartarugas marinhas que ficaram presas em suas redes, como ele disse já estar acostumado a isso, ele já sabia o que fazer, telefonou pra um pessoal do projeto Tamar e logo chegaram o pessoal pra pegar as medidas e outros dados das tartarugas, quando isso aconteceu a peixaria do tiozinho virou a atração da praia, eu pelo menos nunca tinha visto esse tipo de tartaruga tão de perto, eles colocaram plaquinhas de identificação nelas e as soltaram logo depois, e elas não tinham nada de lerdas, pelo menos em baixo da água pois saíram em disparada que nem dois torpedos, foi uma cena muito legal.

No fim do dia a gente voltou pra nossa praia e curtimos o resto do sol alí mesmo, e foi nessa hora que eu me arrependi de só ter passado protetor solar nas minhas tatoos...